Em tempos soubera sacudi-la como água que lhe ensopasse o pêlo. Ladrava para intimidá-la, mordia para que fugisse ou escavava o solo para a enterrar.
Agora deixava que esta o possuísse de mansinho e se transformasse numa árvore lilás de ramos finos, muito bela na sua tristeza.
O cão aprendera a entregar-se à sua sorte, ao ritmo improvável das coisas que lhe aconteciam por alguma razão, à melancolia de querer desfiar as estrelas e não ter por companhia senão a própria sombra.
Apesar de não estar sozinho, o cão estava tão só que a solidão transbordava e escorria dos seus olhos, formando pequenos mares de prata que lhe devolviam a sua imagem.
(foto Gavin Mullan)
8 comentários:
oi? como foi que fizeste para colocar em tamanho reduzido o 'youtube-mini' na barra lateral do blog?
minhas desculpas pela pergunta tola, rs, mas a tempos desejo saber
L
Olá Anónimo L! Não é preciso pedir desculpa. Também tive quem me ensinasse. Pois não é difícil. Seleccionas personalizar, adicionar um elemento de página e aí escolhes HTML/JavaScript. Copias do YouTube e depois tens que ajustar o tamanho alterando as dimensões que aparecem em linguagem de programação. Espero ter sido útil.
Muito belo, mas triste... Também queria desfiar estrelas...
Abraço. ZF
Grata, muito grata! obrigado por ensinar!
volto sempre aqui!
abraços carinhosos e gratos
L
Esperando por inspiração, tenho andado a adiar um comentário a este texto. E passado tanto tempo de maturação, ainda não tenho palavras para descrever a solidão miudinha deste cão. Porque percebo bem a ideia, mando-te um abraço solidário, intenso, sem tempo nem lugar!
És um querido! Às vezes estes sentimentos apoderam-se de nós. Felizmente são passageiros e o sol ajuda a espantá-los.
Beijo amigo para ti.
hummm, e achas que eu não sei? às vezes dá cá com uma força! Continue o sol, então, a brilhar intensamente!
Beijinhos
Fizeste-me lembrar, numa manhã de inverno, há muitos anos, a minha solidão de quase criança, apenas com a companhia do Leo Ferré e "La Solitude".
Bjs
Becas
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