terça-feira, agosto 21, 2007

Copérnico cubista

Um amigo meu esteve recentemente em Madrid e contava-me entusiasticamente as suas impressões da capital espanhola e o itinerário cultural que tinha feito. Como é mais dado à diversão do que à cultura, notava-se que estava orgulhoso por, desta feita, ter calcorreado mais museus do que discotecas. A dado momento referiu a visita ao Centro de Arte Moderna Reina Sofia como um dos pontos altos da viagem, gabando acima de tudo o quadro Copérnico. Bom, fiquei surpresa mas achei por bem não me precipitar e comecei a rever mentalmente alguns dos pintores cujas obras figuram neste espaço e os nomes das mais emblemáticas. Entretanto ele continuava a nomear enlevadamente a tela Copérnico, as suas consideráveis dimensões, o desespero contido nas imagens e blá, blá, blá, enquanto eu pensava "Caramba, o Copérnico foi astrónomo, matemático e muitas outras coisas, mas por que diabos estará retratado numa tela de um museu de arte moderna?! E desespero, só se for devido à teoria heliocêntrica não ser evidente para os seus contemporâneos. E quem é que o pintou?!" E de repente, pela descrição do quadro e pela vaga similitude fonética, acendeu-se a lâmpada na minha cabeça! "Ouve, tu estás a falar da Guernica do Picasso, meu cromo!" Altas gargalhadas, desculpas com o adiantado da hora, o vinho do jantar e os posteriores digestivos. Bem, Copérnico certamente daria pulos de alegria na cova se figurasse na parede pelo punho de Pablo Picasso!

(quadro de Pablo Picasso, Guernica)

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