quarta-feira, outubro 17, 2007

Triste fado

Este é o grito que me sai para não sufocar! O grito que se impõe quando sei que o fisco perdoa dívidas de milhões de euros a indivíduos privilegiadíssimos, enquanto esmifra, por exemplo, cidadãos idosos que subsistem com quantias pornográficas. O grito que irrompe quando leio que a Caixa Geral de Aposentações admitiu hoje que nunca considerou incapaz para o exercício das funções a professora a quem foi retirada parte da língua na sequência de um cancro, deixando a docente com grande dificuldade em falar. O grito que se solta quando constato que o orçamento geral de Estado para 2008 é um ainda maior e mais descarado assalto ao bolso dos contribuintes. O grito que extravasa quando fontes fidedignas me relatam os desvios monumentais que ocorreram aquando da Expo 98 e percebo que há coisas que nunca mudam. O grito que constantemente aflora aos meus lábios, vindo lá do mais fundo das entranhas, porque sofro com as múltiplas impotências inerentes à minha condição humana, porque sou mortal, bem como todos aqueles que amo, mas, e hoje mais do que nunca e acima de tudo, porque sou portuguesa!
"Às armas, sobre a terra e sobre o mar. Pela pátria lutar!" É notório o quanto a maioria dos portugueses desconhece o hino nacional! A
té quando vamos aguentar calados e passivos? Para quando o grito colectivo?

(foto Alessandro Pautasso)


1 comentário:

paulo disse...

Minha linda, só digo isto: o meu está abafado pela raiva.

Abraços (com saudades)